Índice
A colonização de Marrocos foi um processo complexo, marcado por acordos diplomáticos, pressões internacionais e confrontos armados, que culminaram na criação de dois protetorados — francês e espanhol — no início do século XX. Diferente de muitas colónias africanas, Marrocos nunca foi oficialmente anexado como colónia, mas sim dividido em zonas sob “proteção” estrangeira. Ainda assim, isso não impediu a resistência marroquina nem o surgimento de um forte sentimento nacionalista.

📜 Contexto Pré-Colonial
Antes da colonização europeia, Marrocos era um reino soberano, governado por dinastias islâmicas desde o século VIII. A dinastia Alauíta, que ainda hoje reina, assumiu o poder em 1666. O país manteve sua independência mesmo durante o período em que a maior parte de África foi colonizada no século XIX.
Contudo, o interesse crescente de potências como a França, Espanha, Alemanha e Reino Unido, especialmente após a Conferência de Berlim (1884), levou Marrocos a tornar-se alvo de disputas geopolíticas.
🛡️ Estabelecimento dos Protetorados (1912)
Em 30 de março de 1912, foi assinado o Tratado de Fez, que estabeleceu o Protetorado Francês sobre Marrocos. A Espanha, que já tinha presença militar no norte (Ceuta, Melilla e arredores), assinou posteriormente um acordo com a França e ficou com o controlo do norte (zona do Rif) e uma faixa no sul (região de Tarfaya e Ifni).
Assim, Marrocos ficou dividido em três zonas:
- Zona francesa: Incluía Rabat, Casablanca, Fez, Marrakech e o interior do país.
- Zona espanhola: No norte (Tetuão, Alhucemas, Nador) e sul (Ifni).
- Zona internacional de Tânger: Administrada por várias potências estrangeiras.
⚔️ Resistência e Guerras Tribais
Marrocos nunca aceitou pacificamente o domínio estrangeiro. Houve várias revoltas, entre as quais se destacam:
- Revolta do Rif (1921–1926) – Liderada por Abdelkrim El Khattabi, tornou-se uma das mais emblemáticas guerras de resistência anticolonial da história moderna. A efémera “República do Rif” foi suprimida com grande violência por tropas espanholas e francesas.
- Guerras tribais no Alto Atlas e Anti-Atlas – Muitas tribos berberes resistiram ferozmente à entrada do exército colonial francês até ao final da década de 1930.
🏛️ Nacionalismo e Luta pela Independência
A partir da década de 1930, surgem movimentos nacionalistas mais organizados, como o Partido Istiqlal, exigindo independência e reformas. Após a Segunda Guerra Mundial, a pressão popular aumentou, e a França começou a perder o controlo político e militar da região.
Em 1953, o rei Mohammed V foi exilado, o que gerou uma reação em massa. Em 1955, ele regressou com apoio popular esmagador.
🎉 Independência de Marrocos (1956)
Em 2 de março de 1956, Marrocos obteve a independência da França. No final do mesmo ano, a Espanha também renunciou à maior parte do seu protetorado (exceto Ceuta, Melilla e Ifni, esta última devolvida em 1969). A zona internacional de Tânger foi reintegrada no território nacional.
✅ Conclusão
A colonização de Marrocos foi marcada por:
- Interferência diplomática europeia,
- Resistência popular heroica,
- Divisão geográfica do país,
- Uma transição relativamente rápida para a independência com preservação da monarquia.
Hoje, Marrocos orgulha-se de ter reconquistado a sua soberania sem deixar que a sua identidade islâmica, berbere e africana fosse destruída — tornando-se um dos poucos países africanos a ter uma monarquia milenar ainda em vigor.